Herivelto Martins
Eb
Comprei um rádio muito bom a prestação Levei-o para o morro e instalei no meu próprio barracão
E toda tardinha quando eu chego pra jantar Logo põe o rádio pra tocar
E a vizinhança pouco a pouco vai chegando E vai se aglomerando um polvarel lá no portão
Mas quem eu queria não vem nunca Por não gostar de música e não ter coração
Acabo eu perdendo a paciência, estou cansado, cansado de esperar
Eu vou vender meu rádio a qualquer um, a qualquer preço, só pra não me amalfinar
Eu nunca vi maldade assim, tanto zombar, zombar de mim
Disse o poeta que do amor era descrente, quase sempre a gente gosta de quem não gosta da gente