Lúcio Barbosa
A, Abm, B, Bm, D, Db, Dm, E, Em, G, Gb, Gbm
Tá vendo aquele edifício, moço?
Ajudei a levantar
Foi num tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima, fico tonto
Mas me chega um cidadão
E me dei desconfiado
Tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?
Meu domingo está perdido Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber E pra aumentar o meu tédio
Eu nem posso olhar o prédio Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio, moço?
Eu também trabalho lá Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, fiz cimento, ajudei a rebocar
Minha filha inocente, vem pra mim toda contente
Pai, vou me matricular
Mas me chega o cidadão, criança de pé no chão
Aqui não pode estudar
Essa dor doeu mais forte, por que que eu deixei o norte?
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava, mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a colher
Tá vendo aquela igreja, moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo, enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá sim valeu a pena, tem quermesse, tem novena
E o Padre me deixe entrar
Foi lá que Cristo me disse
Rapaz, deixe de tolice
Não se deixe amedontrar
Fui eu que criei a terra
Fiz-lhe os rios, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
entrar. Fui eu que criou a terra, enchi os rios, fiz a serra, não deixei nada faltar.
Hoje o homem criou asas e na maioria das casas eu também não posso entrar.