Zé Ramalho
A, Am, Bm, C, D, Em, G, Gb
Tento a noite como um oceano Que banha de sombras no mundo do sol
Aurora que luta por um acervolo De cores de branco e de azul verão
Um olho que mira no galo, então No mesmo instante que vou contemplar
Além, muito além, onde quero chegar Caindo a noite me lanço no mundo
Além do limite global e profundo que sempre começa na beira do mar
É na beira do mar
Eu confundo com as águas as quatro sonhos e coisas que sonham com o mundo dos filhos
Peixes milagrosos, insetos nocivos, paisagens abertas, desertos medonhos
Lá com as cansativas caminhos frisboios Que fazem o homem se desenganar
Há peixes que lutam para se salvar Daqueles que caçam em mar revoltoso
E outros que devoram, pois nem é sombroso As vidas que caem na beira do mar
Na beira do mar
É até que a morte eu sinto, esperando, prossigo, cantando, vejando o espaço
Além do cabelo que desembarraço, embora as águas a irem lavando
Pessoas e coisas que vão se arrastando, o meu pensamento já podem lavar
No peixe de asas eu quero voar, caindo acerando em peixes poluídas
Pulando galope, saranda ferida que só cicatriza na beira do mar
É na beira do mar